A capa de Gal Costa censurada pelo regime militar

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A nossa Capa do Disco de hoje é a do “polêmico” Índia (1973), disco de Gal Costa com direção musical de Gilberto Gil. A capa foi censurada pelo regime militar por “ferir a moral e os bons costumes”.⠀

O close no quadril de Gal, vestindo apenas uma tanga vermelha e franjas de saia de palha, foi registrado pelo consagrado fotógrafo Antonio Guerreiro. O clique, que acabou sendo escolhido pra capa, aconteceu por acaso, durante um intervalo da sessão de fotos de divulgação do disco: “A gravadora queria a Gal na capa como uma índia. Nós, então, fomos para o Parque da Cidade, no Rio, e ela se vestiu com acessórios, cocares e adereços, mas completamente nua”, contou Guerreiro em uma entrevista ao Estadão em 2018. “No meio do resultado da sessão, apareceu essa foto e todo mundo ficou maravilhado. Foi escolhida para a capa por unanimidade”. ⠀

Na semana do lançamento do disco, Roberto Menescal, à época diretor da gravadora Polygram, foi intimado pela censura, que não liberaria o LP para a circulação por causa da capa e das outras fotos do encarte, em que Gal aparece de seio de fora. A saída de Menescal foi fazer uma capa com um plástico azul que encobrisse a original. Foi a primeira vez que um disco saiu com uma embalagem lacrada, o que despertou a curiosidade do público e impulsionou as vendas de Índia. ⠀

Além das fotos de Guerreiro, o projeto gráfico do disco foi executado por Edinízio Ribeiro, artista plástico tropicalista baiano que acabou ficando esquecido devido à sua misteriosa morte prematura, em 1977, aos 31 anos.

No interior do encarte, Edinízio trabalha com a poesia visual das canções gravadas por Gal, destacando as palavras “Sangue Tupi” e “Pique”, tiradas das canções “Índia” (J.A. Flores) e “Da Maior Importância” (Caetano Veloso). A proximidade de Edinízio com os músicos baianos resultou também em mais duas colaborações emblemáticas: os projetos gráficos de Expresso 2222, de Gil, e Drama, de Maria Bethânia.

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